29.10.01

Soneto do Violoncelista Psicopata

Quando empunhou o arco do instrumento,
Quis arrancar do nobre violoncelo
Um som que fosse triste e fosse belo,
O grave/agudo seco de um lamento,

Como o grito esculpido do martelo
No mármore em combate violento,
Cru e abafado, o grave-ferimento
Das próprias cordas enforcando o cello.

“É dia de sangrar, seu desgraçado!!”
Disse enquanto esgrimava, debruçado,
Deixando o suor cair pelo tapete.

E quando achou o efeito que buscava,
Quem pôde ouvir a música pensava
Que alguém morria a golpes de estilete.

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