12.9.02

Tão gentil, tão honesta no saudar...

Tanto gentile e tanto onesta pare
la donna mia quand'ella altrui saluta,
ch 'ogne lingua deven tremando muta ,
e li occhi no l'ardiscon di guardare .

Ella si va, sentendosi laudare,
benignamente d'umiltà vestuta;
e par che sia una cosa venuta
da cielo in terra a miracol mostrare.

Mostrasi sì piacente a chi la mira,
che dà per li occhi una dolcezza al core,
che 'ntender no la può chi no la prova;

e par che de la sua labbra si mova
un spirito soave pien d'amore,
che va dicendo a l'anima: sospira.

Dante Alighieri, em La Vita Nuova
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Tão gentil, tão honesta em seu saudar
É minha dona, e tanto me parece,
Que minha língua dobra, a alma emudece,
E os olhos nem se arriscam num olhar.

Assim louvada, segue a caminhar,
Trajando a veste que a humildade tece;
Como algo que dos Céus à Terra desce
Vinda para milagres nos mostrar.

Só contemplá-la enorme bem inspira,
Pois dos seus olhos flui uma doçura
Que só compreenderá quem talvez prove.

E em seus lábios, parece que se move
Um 'spírito de amor de tal brandura
Que vai dizendo ao coração: suspira.






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