1.7.11

Você sabe quanto custa R$ 1 bilhão?
[publicada no Destak de 30.jun]


O brasileiro médio dificilmente vai ter contato com R$ 1 bilhão. Nem mesmo os mais afortunados acertadores de loterias sabem dimensionar. Bilhões são para bancos, empreiteiras e valores relacionados a balanços e orçamentos dos governos. Dá para dizer que é raro haver R$ 1 bilhão sem governo no meio. Vou além: o bilhão de reais é quase uma unidade de grandeza exclusiva para dinheiro de gente que se relaciona com governos.

Um Maracanã reformado custa R$ 1 bilhão. Pronto, já temos um sinônimo para a grandeza.

Lembram-se de quando uma grande passeata no Centro do Rio gritou pelos royalties do petróleo? A conta que se trombeteava em 2010 era a de que, sem os dividendos do ouro negro, o Estado perderia R$ 7,2 bilhões anualmente. Segundo o governador Sérgio Cabral, essa seca faria o Rio literalmente "quebrar".

Sem os royalties, em quatro anos - tempo que dura um mandato estadual - o Rio teria perdido R$ 28,8 bilhões. E assim "quebraria".

Pois bem. Recentemente, outra conta que "quebraria o Estado" foi feita, a respeito do aumento dos bombeiros. Caso fosse concedido o piso de R$ 2 mil que a categoria inicialmente pleiteava - e que seria obrigatoriamente estendido aos policiais -, o impacto nas contas do Estado seria de R$ 4,7 bilhões por ano.

Em quatro anos - sempre pensando em um mandato - R$ 18,8 bilhões seriam gastos com as forças. Somados aos R$ 28,8 bilhões dos royalties "perdidos", uma gestão que "quebraria o Estado" teria perdido R$ 47,6 bilhões.

Por que uso quatro anos? Porque foi de 2007 a 2010 - primeira gestão de Cabral - que o Rio abriu mão de R$ 50 bilhões em impostos para beneficiar empresas: desde setores estratégicos, como a fábrica da Michelin, até uma famosa rede de cabeleireiros e duas termas. Esses R$ 50 bilhões são mais da metade do que Cabral arrecadou em impostos no período: R$ 97 bilhões, segundo a Folha de S.Paulo.

Renúncia fiscal é ferramenta para o progresso, quando bem-usada. Mas, se não for aplicada com rigor e sentido estratégico, pode quebrar um Estado. E aí surgem 1 bilhão de desculpas.

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