10.2.12

A chantagem de farda será anual?


Policiais militares e bombeiros não ganham à altura do risco que correm. Disso ninguém discorda, e sabemos muito bem que isso é fruto de décadas de prioridades equivocadas. Já comecemos então duvidando das "preocupações sociais" de qualquer governo que não remunera bem os seus cidadãos armados e fardados que são constitucionalmente proibidos de fazer greve.

Porque, sim, esta é outra verdade: bombeiros e policiais militares não podem fazer greve. Não podem se amotinar, nem podem ocupar quartéis (como fizeram os bombeiros do Rio no ano passado) ou edifícios do Legislativo (como fazem os policiais militares na Bahia). Suas paralisações são terrorismo com a população.

É claro que os militares estaduais são seres humanos com direitos à liberdade de expressão, mas suas funções estão a serviço da segurança pública, suas obrigações com hierarquia e disciplina estão embutidas na sua missão, que é defender os civis e fiscalizar as leis. Está evidente desde o momento em que prestam o concurso, e não há pensamento liberal-esquerdista sério que imagine um Estado brasileiro sendo governado sem polícia.

É até bonito quando partidos que estimularam greves de militares no passado (como o PT de Jaques Wagner, que apoiou greve baiana em 2001) decidem abraçar a Constituição. Sinal de que nem sempre o poder só corrompe.

Dilma, que também é PT, está certa quando diz que não pode haver anistia aos rebeldes da Bahia. O raciocínio é simples: se forem anistiados, repetirão no próximo ano a mesma quebra de comando, a omissão de serviço e a mesma afronta à ordem pública que deveriam defender. O produto disso é uma chantagem anual e inconstitucional sempre perto do Carnaval - e por favor, perdoem-me as rimas.

Por fim, é imoral que eleitos pelo povo apoiem esse terrorismo. A deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ), que foi flagrada aconselhando a articulação nacional do movimento grevista em gravações com o cabo bombeiro do Rio Benevenuto Daciolo, dá mostras de que não tem mínimas condições de legislar. Já morreram mais de 140 pessoas na Grande Salvador durante a greve da Bahia. Por mais que mereçam aumento, não é com conivência com a desordem pública e omissão criminosa que as forças responsáveis pelo bem-estar dos cidadãos vão justificá-lo

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