8.3.12

Às mulheres, uma felicidade sem dívidas com o passado

O Dia Internacional da Mulher costuma ser um debate. Enquanto umas se envaidecem por serem elogiadas, parabenizadas ou presenteadas, muitas não entendem qual é o ponto de haver um dia que festeje alguém pelo fato de, na concepção, ter recebido um cromossomo X a mais. De fato, por que ser parabenizada por algo que não se pôde escolher? Não faltam mulheres que se queixam desses cumprimentos, por verem um paternalismo embutido e da condescendência com segundas intenções.

De fato, é mais um convite à memória do que à festa. Memória das épocas em que a condição da mulher era ditada por uma série de convenções culturais, muitas com base em ortodoxia religiosa, outras em machismo. Quem vê hoje a mulher chefiar lares, trabalhar em cargos executivos e presidir países de dimensões continentais pode, muitas vezes, se esquecer de que são escolhas e conquistas relativamente recentes. Há algumas décadas, nem havia escolhas.

Mas todas as mudanças acabam tendo lados ruins, e hoje o que mais me chama a atenção é que, ao reverterem a  tirania dos homens, as mulheres caíram numa tirania das próprias mulheres, em altos debates sobre a condição feminina, o que lhe seria obrigatório ou não. Ditames criados pelas próprias mulheres, por aversão a velhos conceitos que não necessariamente são condenáveis ou prejudiciais.

Noto que há mulheres que nitidamente adiam os sonhos que têm sobre casamento e da gravidez como se devessem compensar as frustrações profissionais das antepassadas. Têm medo de casar cedo e “não aproveitar” a juventude com mais parceiros e menos dependentes, além de “empacarem” suas carreiras. É curioso que muitas não reparem que “casar cedo”, numa sociedade como a nossa, também pode significar voltar a ser solteira cedo.

Uma mulher que se casa e tem filho aos 25 anos pode, segundo a média aferida pelo IBGE, se divorciar 10 anos depois. Estará com 35 anos (para nossos parâmetros, ainda é uma mulher extremamente jovem e interessante), com mais dinheiro para se divertir e poderia até curtir “uma segunda adolescência”. Se o casamento durar mais, por que não?, tanto melhor.

Se me permitem, desejo que vocês possam escolher cada vez mais por suas individualidades, sem débitos com ideologias, e se tornem felizes de acordo com o que queiram sonhar.

Um comentário:

Maria Fernandes disse...

É fato, muitas vezes é preciso ler o óbvio. Parabéns