12.5.12


O CASAMENTO GAY, SEGUNDO BARACK OBAMA

Não é pouca coisa ser o primeiro presidente dos Estados Unidos a se manifestar a favor do casamento gay. Diante dos ares de cruzada religiosa que a pré-campanha republicana ganhou até o triunfo de Mitt Romney, o democrata ficou agora do lado das ideias liberais. É o que se espera de Obama.

(Democracia é isso: as pessoas têm o direito de pecar, e só são punidas caso seus pecados sejam enquadráveis no Código Penal. Na democracia, importa o que é crime, não o que a sua religião ou a minha consideram pecado)

A declaração de anteontem surgiu um dia depois de uma pesquisa que revela que a candidatura Romney pode realmente representar perigo ao atual presidente. O levantamento feito pelo site Politico.com e a Universidade George Washington apontava para um empate técnico: Romney com 48% das intenções, Obama com 47%.

Logo, não foi de graça que Obama disse isso. É de olho na campanha (e nos financiamentos para ela) que o presidente disse o que nenhum presidente americano afirmou anteriormente.

Primeiro, Obama agrada aos patrocinadores e doadores das campanhas do Partido Democrata. É a mesma lógica do comércio, que descobriu no gay um consumidor com maior poder aquisitivo e um turista mais preocupado com qualidade e conforto. Sem filhos e economicamente ativos, eles têm dinheiro para patrocinar suas causas e não vão se interessar por um Romney que confina a ideia de casamento ao padrão religioso: homem e mulher. Daí surge o segundo ponto: há todo um eleitorado gay e simpatizante que volta a apoiar Obama - a despeito da recessão econômica - por pura rejeição ao discurso carola republicano. Nas urnas, a questão se polariza, e há o eleitor que topa ser mais pobre, desde que possa ser feliz consigo mesmo e com seu amor.

O novo é que antes a direita americana se aproveitava do silêncio sobre essas questões. Um republicano se considerava triunfante ao ouvir apenas silêncio quando perguntava ao oponente se era a favor do aborto, do casamento gay ou mesmo da existência divina. Agora, pelo menos num tema, os liberais acreditam ser possível fincar posições sem perder nas urnas.

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