9.5.13

O "indispensável" Afif e seu ministério contraditório



Afif Domingos toma posse na Secretaria da Micro e Pequena Empresa
Foto: Divulgação


A posse ministerial do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), é um dos mais deliciosos episódios da nossa política. Mas não só pela contradição de ser vice de um governo estadual do PSDB: essa é a parte mais fácil de entender.

Parece até que Afif é o homem mais indispensável da República, disputado por situação e oposição, mas não: o PSD não é da oposição há tempos. Tinha lá suas amarras: uma dívida de gratidão do fundador Kassab com Serra – o que o fez retardar seu pulo fora do barco até a derrota tucana para Haddad em São Paulo – e esse cargo de vice que, pela legislação, pertence a Afif porque lhe foi conquistado pelo voto. Mas o que é divertidíssimo mesmo em sua contradição é o espírito do cargo de Afif no governo Dilma. A Secretaria de Micro e Pequena Empresa é, em si, mais um entrave para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas.

Porque cria o 39º ministério de Dilma Rousseff, o que significa mais custos, pagos por mais impostos, que são justamente o pesadelo de qualquer microempresário. Entram aí mais 66 cargos comissionados, que, somados aos encargos do ministro e do secretário executivo, custarão ao erário a bagatela anual de R$ 7,9 milhões. É pouco e ainda por cima desnecessário; e é assim que gastam-se bilhões em impostos em cada área do governo.

Se a ideia é incentivar a inovação e o empreendedorismo, o melhor que o governo poderia fazer era aplicar parte da sua estrutura elefantina já existente. Essa máquina já deveria trabalhar em soluções para a desburocratização, e não criar uma nova burocracia para agradar o micro e o pequeno aliado com cargos e boquinhas.  

O que se esperaria de um empresário que conhece os problemas de outros empresários e que diz trabalhar por essa causa é não compactuar com mais encargos da máquina administrativa. É defender o enxugamento da máquina do Estado e uma reforma tributária consistente, algo que hoje já é também responsabilidade do PT em seus dez anos de governo.

É argumentar que os R$ 158 bilhões de desonerações, previstos por Guido Mantega até 2014 a fim de incentivar a indústria, só mostram que o governo arrecada muito mais do que precisa.

Nada disso virá de Afif. No fim, o Estado de SP perde a atenção do vice que elegeu, o PT conquista mais um ponto de cara de pau ao buscar quadros na oposição por puro fisiologismo eleitoreiro, e a única empresa que seguramente será beneficiada por esse novo ministério é o PSD.

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